O ar frio da madrugada me envolveu assim que cheguei à beira-mar. As luzes da cidade ainda piscavam ao fundo, mas no horizonte já havia um tom tímido de azul anunciando que algo especial estava prestes a acontecer.
Enquanto a equipe posicionava a canoa, percebi o silêncio quase absoluto. Apenas o som suave das pequenas ondas quebrando na areia e o ranger leve da embarcação.
Ao entrar, senti a madeira fria sob as mãos e o balanço gentil da água me lembrando de que ali eu não tinha pressa. Era hora de me conectar ao momento.
O instrutor deu o sinal e começamos. No início, minhas remadas estavam tímidas, tentando acompanhar o ritmo dos mais experientes.
A cada movimento, sentia o corpo acordando, os músculos ganhando força e a respiração se ajustando ao esforço.
O ar fresco enchia os pulmões como se estivesse limpando qualquer resquício de cansaço da semana.
Com o tempo, percebi que não estávamos sozinhos. Gaivotas começaram a sobrevoar a canoa, e um barco de pesca cruzou ao longe. A cidade despertava devagar, mas no mar tudo seguia em um ritmo próprio, mais calmo, mais presente.
A sincronia com a equipe veio naturalmente — o som das pás entrando e saindo da água era quase hipnótico.
Então aconteceu. Primeiro, uma linha dourada apareceu no horizonte, como se alguém tivesse riscado o céu com um pincel brilhante.
Em poucos minutos, o sol surgiu por inteiro, tingindo o mar de tons laranja e rosa.
A canoa parecia flutuar em um quadro pintado à mão. Ninguém disse nada. Não precisava. O silêncio, dessa vez, era de pura admiração.
No caminho de volta, as remadas já estavam mais leves. O corpo cansado, sim, mas de um cansaço bom, que deixa a mente em paz.
Ao pisar novamente na areia, senti uma gratidão enorme — pela equipe, pela oportunidade e pela lembrança que carregaria para sempre.
Porque uma aula de canoa havaiana ao nascer do sol não é apenas um treino.
É um encontro com a natureza, com pessoas que compartilham o mesmo amor pelo mar e, principalmente, consigo mesmo.
Uma experiência que começa no escuro, cresce com o esforço e termina com um espetáculo que só o dia mais cedo pode oferecer.